Logo na minha primeira viagem ao Uruguai resolvi entender o país gaúcho no detalhe. Ao menos tentar. Para isso, programei estar de carro alugado durante todos os 15 dias que estivesse por lá, e aí ter autonomia para debandar sem preocupação pelas cidades menos conhecidas e destrinchar as regiões mais populares. Valeu a pena.

Viajar de carro pelo Uruguai é muito fácil. O país é pequenino e não é preciso percorrer longas distâncias para atingir as principais cidades, de qualquer ponto de origem. As estradas são excelentes, pouquíssimo movimentadas e muito bem sinalizadas. Nos interiores era possível dirigir dezenas de quilômetros sem cruzar com outro carro, caminhão, ônibus ou posto de gasolina. Uma loucura!

No planejamento inicial, rascunhei um itinerário circular que me fizesse sair da capital Montevidéu em sentido sul, beirando o rio da Prata e o rio Uruguay, até o limite máximo da cidade de Salto. Dali, cortaria por dentro do país caçando cidadezinhas bacanas e aos poucos voltaria para a costa – desta vez para encarar o litoral norte celeste.

Deu tudo certo, exceto no maior trajeto, onde atravessaria o interior do país. Sem me deparar com algum lugar que realmente me cativasse, acabei acelerando minha chegada à beira do mar. Percorri sem frustração mais de 650 Km, em várias paradas, durante um único dia.

Olhando para o mapa, dá para sacar que, na verdade, eu fatiei “apenas” metade do Uruguai.

Dormi em Colonia del Sacramento, Fray Bentos, Salto, Atlántida, Punta del Este, Cabo Polonio e Montevidéu.

Para construir seu roteiro no país é preciso entender algumas coisas básicas. O principal componente da economia uruguaia é a criação de bovinos e ovinos, além da produção agrícola, e 100% de seu território está na região de planícies da América do Sul que conhecemos como pampas. Ou seja, o Uruguai é, em geral, plano como uma mesa de sinuca e possui paisagens limitadas. De carro, você anda, anda e anda e não vê nada além de descampados.

As atrações bambambãs do Uruguai estão no litoral, à beira-rio ou beira-mar. Claro que sempre vai haver um cantinho aqui e outro acolá que chamará sua atenção, mas eu não recomendaria fazer incursões na meiuca do país em busca de vilarejos “estilo toscana”. Não rola.

Para todos os efeitos, sempre digo que se conseguir cumprir a trinca Colonia-Montevidéu-Punta terá feito uma viagem bem legal ao Uruguai. Com mais tempo e disposição, vale a pena esticar sua descida ao sul rumo à Fray Bentos; da mesma forma que incluir a encantadora Cabo Polonio, como uma extensão de Punta del Este, seria uma decisão certeira.

Uma tour esperta

Para colocar o pé na estrada e acertar na sequência de cidades, fiz uma listinha de macetes bem simples que vai ajudar na hora de você consolidar seu roteiro. Se liga nas minhas dicas.

1. Esteja com seu carro previamente alugado – faça o procedimento online. (Se você ainda tem dúvidas em como alugar carro, confira AQUI nossa página sobre o assunto.) Chegando pelo Aeroporto Internacional de Montevidéu, retire seu veículo reservado logo no desembarque.
   Como os voos vindos do Brasil são curtos, com no máximo 3h20 de duração, sugiro que você cogite a possibilidade de dirigir do aeroporto direto a Colonia del Sacramento. Essa opção só é válida caso o seu pouso na capital celeste ocorra até às 15:00hs, uma vez que a viagem até Colonia vai te tomar umas 3 horas de carro, nos 200 Km de estrada.
   Vale mesmo o esforço? Sim. Já dá para ir curtindo o início da viagem e dando o pontapé num lugar adorável.

2. Chegando no início da noite, reserve pelo menos duas diárias em Colonia del Sacramento. Você vai curtir muito melhor a vila se planejar ao menos um dia inteiro e uma noite por lá. Numa viagem de até 6 dias, saia de Colonia e parta direto para Punta del Este (são 320 Km que cabem na metade de um dia tranquilamente). Com mais tempo disponível, continue na rota sul e vá de Colonia a Fray Bentos (220 Km), com pit stop em Carmelo.

3. Em Punta, tire proveito do carango para desfrutar os arredores: Punta Ballena, La Barra e José Ignacio. Dois dias inteiros no balneário é o mínimo. Se o seu giro no Uruguai tem a duração máxima de 6 dias, volte a capital pelo Ruta Interbalnearia com pit stop em Piriapólis. Se o prazo é mais elástico, arrisque uma visita de uma diária na pitoresca e encantadora Cabo Polonio, no litoral norte, a 160 Km de distância.

4. Deixe Montevidéu sempre para o final, preservando os charmes da cidade para os últimos momentos. Dois dias na capital são suficientes e não é preciso estar de carro. Por isso, planeje devolver seu veículo assim que chegar: faça o check-in no hotel, descarregue a bagagem e entregue o automóvel no escritório da locadora localizado no centro da cidade – coloque isso na reserva para não precisar retornar ao aeroporto.

5. Para conhecer as vinícolas nas cercanias de Montevidéu, apenas a Juanicó e H Stagnari, localizadas no município vizinho de Canelones, a 50 Km, exigem carro. Por isso, programe os passeios para o dia em que estiver chegando na capital. A Bouza, que é a mais bacana de todas as bodegas uruguaias, fica a apenas 20 Km da Ciudad Vieja e é moleza ir de táxi.

E o GPS: faz falta?

Olha, sou um apreciador de tecnologia, mas, sendo muito sincero, não acho que é fundamental ter GPS para viajar de carro pelo Uruguai. Se você já tem um e consegue configurar o mapa do país, ótimo. Caso não tenha, não acredito que compensa incluir esse custo no aluguel do carro, tampouco gastar dinheiro com isso.

As estradas uruguaias são bem sinalizadas e fáceis de entender. Um mapa de papel comum, que pode ser fornecido pela própria locadora ou comprado numa banca de revistas, é mais do que suficiente – e até mais eficiente. Você pode sentir falta do aparelhinho apenas dentro de Montevidéu, que é exatamente onde não recomendo estar de carro. 

Pode embarcar no estilão tradicional mesmo que você vai se dar bem.