5 cidades na América do Sul que você quer ir, mas ainda não foi

Caio Tristão
Caio Tristão
Atualizado em 24/02/16

5-cidades-america-do-sul-capa

É um discurso tipicamente clichê, mas é verdade: quanto mais eu viajo pra longe daqui e depois volto a viajar no Brasil e na América do Sul, mais eu tenho a sensação de que temos os destinos turísticos mais legais do mundo no quintal da nossa casa.

E por que vemos tão pouco brasileiros espalhados por aqui? O lance é que as agências de turismo colocam uma pressão danada e fazem de tudo para te seduzir com a proposta de melhores férias abraçadinho com o Mickey nos parques de Orlando – acredite, mas apenas Argentina, Chile e Uruguai figuram na lista dos 10 destinos mais visitados por nós no exterior. Até entendo, mas não faz sentido.

Brasileiro parece não querer apostar sua viagem na vizinhança, e tropeça feio na ideia de que por aqui não há muito o que fazer. Quer uma lista de joias reconhecidas mundo afora? Anota aí: Colonia del Sacramento, Mendonza, Ushuaia, Puerto Varas, Atacama, Salar do Uyuni, Nazca, Cuzco, Medelín, Los Roques, Amazônia, Lençóis Maranhenses, Foz do Iguaçu e por aí vai… E cabe (muito) mais!

Pode incluir Aruba e Curaçao? 

Com tanta opção legal – e sabendo que você já colocou estes lugares no seu roteiro de viagem, mas ainda não tirou a ideia do papel – vou listar cinco cidades na América do Sul que eu já fui e recomendaria para qualquer um. É imperdível? É.

Quando é mesmo o próximo feriado?

Alter do Chão, Brasil

alter-do-chao-brasil-geral

Foi uma das minhas viagens prediletas.

Ainda que estivesse tomado por muita expectativa, desconfiava da popularidade que a cidade tem ganhado e da ousadia do jornal britânico The Guardian em encabeçar Alter do Chão no topo da lista das 10 praias top do Brasil. Estava certo que não tinha como me surpreender, até que…

Não há nada como desfrutar um tucunaré na brasa com baião paraense e cerveja gelada, com o pé (ou o corpo inteiro) dentro d’água no rio Tapajós. É vida ruim demais, minha gente!

As praias de águas cristalinas e areia branquinha desconstroem tudo que você acha que sabe sobre banhar-se num rio. E mais: qualquer um dos passeios oferecidos por todo o aquífero (o maior reservatório de água doce do planeta Terra) vai tirar seu fôlego. Alter é demais. E ponto.

Vai te surpreender: as incríveis praias formadas por bancos de areia que ficam submersos por meses; e a cor azulada do rio tapajós.
Pegadinha: devido ao ciclo de chuvas, Alter do Chão fica linda meeeesmo entre agosto e dezembro; para o resto do ano vai sobrar apenas alagados.
Como chego lá: o aeroporto de Santarém, distante 34 Km de Alter, recebe voos diários vindos de 10 capitais brasileiras, incluindo Rio e Brasília. Quem tem tempo, pode vir de barco (2 dias de viagem) desde Belém ou Manaus.

Cabo Polonio, Uruguai

cabo-polonio-uruguai-geral

O mais pitoresco de todos os balneários da costa celeste é só poesia. Esqueça os glamoures de Colonia del Sacramento e a badalação de Punta del Este e suas cercanias; estamos falando aqui de uma das mais simpáticas e singelas vila de praia do litoral sul americano. Sim!

Ah, e antes que você já torça o nariz: nada desse papinho de mochileiro que viaja pra passar perrengue e depois disputar com os amigos quem se meteu na maior roubada, ok? Cabo Polonio é pra todo mundo, desde que você queira não estar à mercê da vida moderna – pelo menos por uns dias.

É mágico mesmo? A difícil travessia pelas dunas por jardineiras autorizadas é compensada por uma chegada triunfal pela orla. Já a supermodesta vila que se espalha pela península é exemplo de vida sustentável e charmosa, tudo isso somado às lindas e amplas praias e os seus moradores ‘mais’ nativos (uma das maiores colônias de leões marinhos do mundo) que entopem o lugar de beleza.

Se você gostar muito de Cabo Polonio não conta pra ninguém não, tá? O público de lá sabe que quanto menos gente achar graça, melhor. 

Vai te surpreender: a vida noturna sem energia elétrica. Tomado por fogueiras, lamparinas e um impressionante céu estrelado, o vilarejo só clareia quando o feixe de luz do farol rasga o horizonte.
Pegadinha: a molecada gaúcha domina o balneário no verão e réveillon. Se quiser fugir da muvuca e garantir vaga na única (boa) pousadinha de Cabo Polonio, vá na entressafra.
Como chego lá: a sede do Parque (onde é feito a travessia) está a 620 Km de Porto Alegre e 270 Km de Montevidéu. Dá pra ir de ônibus.

Cartagena das Índias, Colômbia

cartagena-colombia-geral

García Márquez que não é bobo nem nada sabia direitinho onde se inspirar para escrever seus melhores romances – por isso, escolhera Cartagena como escritório. E vou te falar, viu: é preciso apenas alguns minutos dentro da cidade amuralhada para você se dar conta do estímulo que esta apaixonante cidade pode proporcionar.

Não basta apenas a proximidade com o caribe e o tiro certeiro de sol e mar que Cartagena vai te oferecer; sem qualquer esforço, as construções coloniais enfileiradas que colorem ruelas de pedra, entre carruagens e vendedores de frutas, vão te encantar. A cidadela histórica, cercada por uma muralha, é calorosa, rica em detalhes, alegre e excessivamente charmosa.

As praias paradisíacas do caribe estão há uma lanchinha de distância. A gastronomia local é premiada. A programação cultural intensa. O que você está esperando para conhecer Cartagena?

Vai te surpreender: o mais obrigatório dos bares. O esperto Café del Mar, localizado “apenas” em cima da muralha, é o camarote mais-do-que-VIP para o lindíssimo pôr do sol colombiano (drinks à mesa, por favor!).
Pegadinha: as praias da cidade são feias e sem graça. Para curtir o caribe tão sonhado é preciso embarcar em lanchas e visitar as Ilhas de Rosário.
Como chego lá: infelizmente, não existem voos diretos entre alguma capital brasileira e Cartagena. Entretanto é fácil fazer conexão com a TAM/LAN, em Bogotá ou Lima; com a Avianca, também na capital colombiana; ou com a Copa Airlines, via Cidade do Panamá.

Puno, Peru

puno-los-uros-peru-geral

De cara, Puno vai te dar três sustos: 1) Vindo de avião você vai pousar em Juliaca e a complexa cidade mais parece um cenário de guerra do que uma cidade; 2) A região está há mais de 3800 metros acima do nível do mar – o efeito da altitude vai tirar você do prumo; e 3) A magnitude do lindíssimo Lago Titicaca é mesmo de encher os olhos.

A real é que se fosse só pelo Titicaca, Puno já seria um passeio acertado para o seu itinerário no Peru. Só que tem mais: a vila é o acampamento-base para quem quer conhecer a tribo Los Uros. A comunidade, de origem pré-colombiana, vive em ilhas flutuantes de palha (!) no meio do lago. Uma belezura!

Importante: você vai ler por aí que hoje em dia o passeio tem cara de armação e os Uros atuais são fakes. Quer saber? Embarque nessa que é o maior barato!

Vai te surpreender: o day tour de barco pelo Titicaca que te leve aos Uros e depois à ilha de Taquille. Vai por mim e prove a deliciosa sopa de quinoa.
Pegadinha: a altitude te tira completamente do eixo, não é fácil. Sua parada mandatória em Puno é na primeira farmácia para comprar pílulas de altura (as famosas sorojchi pills). Se puder tomar logo em Lima, antes do voo, melhor ainda.
Como chego lá: o aeroporto mais próximo de Puno está há 50 Km, na cidade vizinha de Juliaca (voos desde Lima e Cusco pela LAN). Outra interessante alternativa é encarar um dia inteiro no trem turístico da Peru Rail, na rota Cusco – Puno.

Santa Cruz, Chile

santa-cruz-chile-geral

Se você não é entendedor de vinho, provavelmente nunca ouviu falar em Santa Cruz, no Chile. A cidadezinha é a ‘capital’ do Valle de Colchagua – a região mais estruturada para conhecer as populares vinícolas do nosso vizinho.

Santa Cruz é uma simpatia e seus arredores um verdadeiro encanto. Dali, num trecho de menos de 60 Km, está instalada a Ruta del Vino: uma estradinha belíssima que é um verdadeiro desfile de marcas de garrafas tão conhecidas por nós brasileiros (Montes, Lapostolle, Viu Manent, Vetisquero, etc). Amantes da bebida ficam alvoroçados (eu! eu!)… É coisa fina!

Esqueça tudo que te falaram sobre o passeio engessado da Viña Concha y Toro, em Santiago.

Ah, mas você não gosta de beber? Não tem problema. As visitas nas bodegas e o visual de todo o vale de parreiras, complementado pela excelente gastronomia local, é tiro certo. Aposto que vai se encantar.

Vai te surpreender: o tour de carruagem nada-brega da vinícola Viu Manent e o teleférico da Vinã Santa Cruz. Para acertar na mosca, invista sua viagem no início do ano, antes da colheita das uvas – o melhor período é de janeiro a março.
Pegadinha: os passeios são sempre com hora marcada e acontecem no máximo duas vezes por dia. Para não perder a viagem, antes de tudo, faça um pit stop na lojinha Ruta del Vino na praça principal de Santa Cruz e se carregue de mapas e informações.
Como chego lá: Santa Cruz está 190 Km ao sul de Santiago. Para quem gosta de vinho, dois dias na região é pouco. Na correria, opte por um day tour desde a capital.

 

E pra você? Qual cidade na América do Sul considera imperdível? Aos comentários já!

Deixe um comentário